Excesso de velocidade no trânsito custa vidas e sofrimento
Para comemorar a Semana Nacional do Trânsito, a TV Brasil preparou uma série de três reportagens especiais sobre boas práticas e desafios do trânsito brasileiro. A série, que foi ao ar entre 18 e 20 de setembro de 2023, contou com depoimentos de especialista e pacientes da Rede SARAH de Hospitais de Reabilitação.
Educar para prevenir o excesso de velocidade e outras formas de imprudência no trânsito é corolário do trabalho de reabilitar as vítimas, disse à reportagem a neurocientista Lúcia Willadino Braga, presidente da Rede.
“Às vezes as pessoas ficam com pressa, não querem perder alguns minutos e acabam perdendo meses, anos em reabilitação, muitas vezes com sequelas permanentes”, disse ela. “Nós reabilitamos. É o nosso papel, mas o ideal é prevenir.”
Luís Felipe dos Santos, paciente de reabilitação do SARAH Brasília, hoje com 17 anos de idade, caiu da motocicleta, na chácara da família, no Rio Grande do Sul, quando tinha 15. Por estar sem capacete, teve traumatismo craniano e sequelas neurológicas, das quais, depois de muito esforço, vem se recuperando.
“Caí da moto. Quando eu vi, deu tipo um apagão”, ele contou, adicionando um conselho importante: “Use capacete.”
A mãe de Luís Felipe, Edinara dos Santos, estima que ele trafegava entre 60 e 70 quilômetros por hora.
“Apenas uma voltinha pode ser um acidente que transforma a vida”, disse ela. “Às vezes a gente fica pensando, porque ele não estava de capacete, não é? A gente confiou. Deu no que deu.”
Segundo a reportagem, 25% dos domicílios brasileiros têm pelo menos uma moto, metade dos municípios nacionais têm mais carros que motos e, em média, morrem quatro motociclistas por dia em todo o país.
“Em alguma medida ele [o motociclista] está até mais vulnerável que um pedestre, porque ele está compartilhando um espaço com veículos de massa maior e velocidade mais alta”, disse à reportagem Victor Pavarino, oficial técnico em segurança viária da Organização Mundial da Saúde.
O excesso de velocidade é uma das principais causas de lesões e mortes no trânsito brasileiro, onde perecem mais de 30 mil pessoas por ano, segundo a reportagem.
A socorrista paranaense Bianca Freire, de 27 anos, faz reabilitação no SARAH Brasília, após ter sofrido 14 fraturas e um pulmão perfurado durante um acidente de caminhão.
O veículo, conduzido por seu ex-marido, tombou ao entrar em uma curva a 74 quilômetros por hora, onde o limite postado era de 30. Ele teve apenas lacerações superficiais.
“Fui ejetada do caminhão. Fiquei pendurada pela panturrilha, de ponta-cabeça, do lado de fora da porta”, contou Bianca à reportagem. “Às vezes, é excesso de confiança, o ‘ah, dá tempo’ ou ‘não, eu tenho prática, já dirijo há não sei quantos anos, sei o que estou fazendo’. Não é assim.”
As demais reportagens da série também estão disponíveis no portal.