Documentário da TV Justiça denuncia a violência no trânsito
Documentário da TV Justiça sobre a violência no trânsito mostrou a rotina de motoristas de aplicativo, condutores de ambulância, motoboys, ciclistas e outras pessoas que convivem diariamente com o estresse nas vias públicas brasileiras.
Entre os vários especialistas entrevistados para o documentário, a neurocientista Lúcia Willadino Braga, presidente da Rede SARAH de Hospitais de Reabilitação, ressaltou que a prudência e o controle emocional podem evitar muitos acidentes.
“Estressadas, as pessoas reagem de uma forma mais impulsiva, sem pensar. Isso não faz bem para o cérebro, não faz bem para a qualidade de vida da pessoa, então tem que cuidar para respirar fundo e pensar: vamos devagar que chegamos lá”, disse Dra. Lúcia. “A maior parte dos acidentes são evitáveis. A gente até questiona a palavra ‘acidente’, porque, se eu estou numa moto ou ao volante e quero digitar no celular, eu estou me colocando em risco e estou colocando todo mundo em risco.”
Dra. Lúcia explicou que as nove unidades da Rede SARAH atendem quase 2 milhões de pacientes por ano, para tratamento de patologias com causas evitáveis e não evitáveis. Das causas evitáveis, cerca de 50% são decorrentes do trânsito, destas, perto de 60% envolvem motocicletas.
“Na motocicleta a pessoa está muito exposta. É o corpo contra o asfalto, o corpo contra outro carro, então o nível de exposição é muito alto”, disse Dra. Lúcia. “As pessoas às vezes não se preocupam tanto com a qualidade do capacete: o capacete cai, bate. Pedaço do cérebro fica no asfalto, a memória fica no asfalto, a fala, o planejamento. Isso é bastante complexo.”
Minutos de pressa podem custar anos de reabilitação, ressaltou a neurocientista.
“O processo de reabilitação para casos de lesão medular e lesão cerebral vai acontecer ao longo da vida, porque fazemos um período intensivo para reintegrar a pessoa ao seu trabalho, à sua família, e depois a gente vai ter que acompanhar mensalmente, semestralmente, anualmente, ao longo de anos. Temos pacientes que acompanhamos aqui há 40 anos, 50 anos”, disse Dra. Lúcia. “Às vezes a pessoa está com muita pressa para chegar ao trabalho, para chegar a um lugar, porque alguém está esperando e, nessa pressa, para ganhar uns minutinhos, podem perder muitos anos no futuro se reabilitando, se locomovendo com mais dificuldade.”
Dra. Lúcia também ressaltou que o Programa de Educação e Prevenção oferece palestras educativas para mais de 5 mil estudantes do ensino fundamental, todos os anos, para divulgar conhecimentos que ajudam a evitar sequelas de doenças e acidentes graves tratados pela Rede SARAH.